A modes que hoje tive a certeza que a minha vida vai mudar. Vejo toda a gente feliz à minha volta, e não me levem a mal eu também estou a rebentar de felicidade pela mudança... mas bem... estou e não estou.
Sempre adorei mudança em tudo o que pudesse mudar, mas tenho que admitir que não consigo deixar de sentir aquele frio na barriga e aquela estranheza na previsão do que vai acontecer.
Vou para a cidade
Sou um rapaz do campo, cresci entre galinhas e perus ("píruns" se vierem donde venho). Subi às árvores e esfolei os joelhos a jogar à bola num campo que só podia ser equiparado a um campo de batatas. Aprendi os animais e as plantas que havia no quintal da minha avó (apesar de até à pouco tempo não ser capaz de distinguir salsa e hortelã... hei sou do campo, mas não era o cozinheiro...). Descobria atalhos até casa pelos quintais dos vizinhos, distingo o pombo da rola e o melro da cotovia, tomava banho nos tanques, tive um grilo de estimação, incomodava o bicho-da-conta só para o ver enrolar-se, acho que "aventar" é uma das palavras mais bonitas do mundo, e enquanto escrevo esta frase o galo do meu vizinho anuncia a madrugada a quem o ouvir.

Agora vou ter uma volta de 180º
Vou para a cidade grande, trocar os galos pelas buzinas, o silêncio pelo caos, as árvores pelos arranha-céus, as açordas pelas refeições rápidas e os atalhos dos quintais pelos horários do comboio.
Trocar este sossego pelo escabeche da cidade
A cidade é tão grande, e eu tão pequeno...
Mas talvez isso funcione a meu favor. Ser pequeno, pequeno como o grilo na minha gaiola. Nunca lhe dei um nome. Talvez eu na cidade possa ser mesmo isso, sem nome. Desconhecido, incógnito, um. Posso aprender a ser, sem ser. A existir, numa existência passiva-agressiva, em que me atiro de cabeça ao mundo, mas sem ser mais do que o que sou.
Talvez um dia a cidade me engula. Ande arredio. Talvez quando voltar ao campo já não conheça o alecrim. Talvez me torne cidadão.
Mas como dizemos aqui no meu belo Alentejo "tenho que m'àguentar com esta moenga"
Tenho medo de me afogar na confusão, sim estou assustado.
Mas vou fazer o melhor que faço sempre, sorrir à mudança...
E adaptar-me. Porra.
Sempre adorei mudança em tudo o que pudesse mudar, mas tenho que admitir que não consigo deixar de sentir aquele frio na barriga e aquela estranheza na previsão do que vai acontecer.
Vou para a cidade
Sou um rapaz do campo, cresci entre galinhas e perus ("píruns" se vierem donde venho). Subi às árvores e esfolei os joelhos a jogar à bola num campo que só podia ser equiparado a um campo de batatas. Aprendi os animais e as plantas que havia no quintal da minha avó (apesar de até à pouco tempo não ser capaz de distinguir salsa e hortelã... hei sou do campo, mas não era o cozinheiro...). Descobria atalhos até casa pelos quintais dos vizinhos, distingo o pombo da rola e o melro da cotovia, tomava banho nos tanques, tive um grilo de estimação, incomodava o bicho-da-conta só para o ver enrolar-se, acho que "aventar" é uma das palavras mais bonitas do mundo, e enquanto escrevo esta frase o galo do meu vizinho anuncia a madrugada a quem o ouvir.

Agora vou ter uma volta de 180º
Vou para a cidade grande, trocar os galos pelas buzinas, o silêncio pelo caos, as árvores pelos arranha-céus, as açordas pelas refeições rápidas e os atalhos dos quintais pelos horários do comboio.
Trocar este sossego pelo escabeche da cidade
A cidade é tão grande, e eu tão pequeno...
Mas talvez isso funcione a meu favor. Ser pequeno, pequeno como o grilo na minha gaiola. Nunca lhe dei um nome. Talvez eu na cidade possa ser mesmo isso, sem nome. Desconhecido, incógnito, um. Posso aprender a ser, sem ser. A existir, numa existência passiva-agressiva, em que me atiro de cabeça ao mundo, mas sem ser mais do que o que sou.
Talvez um dia a cidade me engula. Ande arredio. Talvez quando voltar ao campo já não conheça o alecrim. Talvez me torne cidadão.
Mas como dizemos aqui no meu belo Alentejo "tenho que m'àguentar com esta moenga"
Tenho medo de me afogar na confusão, sim estou assustado.
Mas vou fazer o melhor que faço sempre, sorrir à mudança...
E adaptar-me. Porra.